12 de janeiro de 2007

Não te Deixarei Morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares

O primeiro livro deste novo ano. Uma escrita fantástica, um gosto pela vida transmitido! Deixo aqui um comentário tirado do site www.rascunho.net, porque à falta de tempo para expôr o quanto gostei do livro encontrei um texto que transmite exactamente aquilo que queria dizer.

"Não te deixarei morrer David Crockett é uma selecção de textos fabulosos, passe a parcialidade. É uma reunião de textos inéditos e crónicas publicadas no jornal Público e na revista Máxima, nas quais Miguel Sousa Tavares se expõe de uma forma quase pueril. O próprio afirma, justificando a escolha do nome do livro, que «David Crockett representa uma espécie de pureza inicial, um excesso de sentimentos e de sensibilidade, a ingenuidade e a fé, a hipótese fantástica da felicidade para sempre.»

Através da sua escrita simples e cativante, Miguel Sousa Tavares vai desvendando não aquela sua faceta mais polémica de homem de opiniões fortes, mas as suas vulnerabilidades e os seus desejos, o que o faz feliz e o que o transtorna. Revela-se muito complicado o processo de escolher um texto favorito, tendo em conta a qualidade e a sensibilidade de todos eles.

Miguel Sousa Tavares é um amante e um observador: da natureza (sobretudo da humana), do silêncio e da poesia. Talvez seja genético, talvez seja fruto da educação e do facto de ter crescido rodeado de pessoas maravilhosas. Ou então, aprendeu nas múltiplas viagens e civilizações que conheceu. Ou talvez seja apenas dele.

Não consigo ir embora sem deixar aqui um cheirinho, uma espécie de mix de alguns dos textos. Ficam desde já aqui as minhas desculpas ao autor, se sem querer, desvirtuar de alguma forma as suas palavras.

«Nunca devemos amar em silêncio...Um amor feliz precisa do turbilhão das palavras, das frases aparentemente inúteis e sem sentido, precisa de adjectivos, de elogios, do ruído das banalidades.»

«Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos (…) Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.»

(…)

«E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu para sempre.»

Liliana Pacheco 2006"

1 comentário:

Paulo disse...

muito bom este livro! TEnho o livro e simplesmente amei!!!